segunda-feira, 30 de março de 2015

E o amor, ele acaba?

Para ler ouvindo:

Tom Odell - Another Love






  Mas e o amor, ele acaba?
-  - Não acredito nessa ideia. Na verdade não acredito que nenhum sentimento forte simplesmente passe. Acho que quando ele é realmente forte, ele só se transforma.
-     - Se transforma?
-     - Sim, se transforma. Em dor, em lembrança, em amor. Por isso desacreditar da ideia do ódio.
-       - Como desacreditar? Vivo pensando que odeio algumas pessoas, ou que pelo menos, as odeio as vezes.
-       - Ódio é um sentimento muito forte. Não dá pra sentir algo tão forte por alguém sem que haja uma mistura de sentimentos juntos. E nessa mistura de sentimentos vai sempre haver algum que vai quebrar esse ódio, sabe? Nem que seja a dor. Porque mesmo a dor, ela vem acompanhada de algo mais.
- Então o amor também funciona assim?
- Acho que sim. Acho que ele pode se transformar. Em lembrança, em magoa, em mais e mais amor. Mas o amor nunca deixa de existir, o sentimento nunca acaba.
- Então ele pode se transformar em algo melhor ou em algo pior, é isso?
Acho que é por aí. O problema é que quem escolhe no que ele se transforma somos nós. E na maioria dos casos nós não somos inteligentes o suficiente para faze-lo se tornar em algo melhor antes de deixar que o contrário aconteça.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Escrita


Para ler ouvindo:

Stateless - Bloodstream



Existem textos que se escondem em nossos sonhos e acordam com vontade de sair, mas ficam presos entre a correria do dia-a-dia e uma cabeça demasiada ocupada.
Existem textos que acordam com a gente e se escondem em meio a rotina, pedindo vezes para não serem contados, pedindo vezes para serem lidos.
Existem textos que são tristes mas se disfarçam felizes, se confundem e se distraem, mesmo em meio a melancolia.
Existem textos que pedem libertação e quando ela vem, ficam um pouco assustados.

Dia desses acordei com um texto batendo à cabeça, pedindo para sair, porém paciente. Pedindo para ser contado, mas antes, pedindo para ser entendido.
Dia desses ele disse com calma que não tinha intenção de causar dor, que não queria causar magoa, mas queria conversar.
O texto, sobre todas as coisas, pedia urgentemente para ser lido. E dentre seus parágrafos, dentre suas diversas palavras, havia um quê de tristeza que ficava ali, escondido entre suas linhas, em meio a diversas vírgulas e pontos.
O texto chamava atenção por mostrar algo estranho: em suas frases haviam mais reticências que pontos finais. E as virgulas? Ah, as virgulas eram infinitas. Ali, em seu meio, diversas exclamações – outrora agressivas, outrora alegres, outrora confusas. O que mais chamava atenção nele, no entanto , era a natureza estranha de suas interrogações. Elas pareciam infinitas e para quem olhava o texto atentamente, por ora, o tornava sem sentido.

Ele pediu para ser lido e voltou para o seu lugar, escondidinho, longe de tudo e todos. Tentando uma reedição silenciosa, indolor, com cuidado, com atenção. Pediu para ser lido e voltou para seu lugar, escondidinho. Por ora, antes de finalizado, era o melhor lugar para se estar.